Nossa tive vontade de morrer.
Minha palestra foi a última, depois de ouvir professores, com inúmeras especializações, livros publicados e larga experiência em indústrias de grande porte e, para piorar a minha situação, empresários da indústria mineira contando seus reais causos de inovação.
Fui a última a subir ao palco. Eu mesma, responsável pelo gran finale!
É nessa hora que ou você dá show ou você dá show. Não tem saída.
Eu estava àquelas alturas tão pasma, mexida, intrigada, inconformada, como todos os brasileiros com a notícia do desastre aéreo que, na madrugada, havia ceifado a vida do time chapecoense, jornalistas e outras tantas vidas!
Nem sequer consigo imaginar a dor das famílias e dos mais próximos.
Sabia que não conseguiria estar ali no palco sem prestar minha singela homenagem a estes seres tão batalhadores, disciplinados, que suam suas camisas à procura da notícia e do gol. Profissionais que persistem. Não esmorecem e nunca desistem frente ao furo do adversário ou a um gol perdido.
E o Brasil precisando tanto das habilidades destes profissionais! E logo assim, me levam tantos de uma só vez.
Não pedi um minuto de silêncio.
Pedi uma forte salva de palmas. Forte mesmo. Que fosse tão forte, que varasse os céus e invadisse a alma de todos aqueles jovens que partiram. Foi uma descarga de energia para todos, ali naquele auditório. E tenho a certeza que ontem, por volta das 8 da noite, palmas foram ouvidas no céu.
A plateia era pequena e desmedidamente interessada. Nunca tive uma experiência assim. No palco, eu estava iluminada por uma centena de pares de olhos de gatos acesos. Ávidos. Em sintonia. Juntos rimos, refletimos e nos emocionamos. A maior parte eram industriais. Pois é, não está fácil pra ninguém.
Percorremos juntos a estrada de transição para uma Nova Era. Falamos das habilidade do passado, que perderam valor para o futuro, e nos despedimos de excelentes produtos e serviços do passado. Ah, como era gostoso ir na locadora, no sábado à tarde! Demos as boas-vindas ao novos aplicativos, andamos no caminhão sem motorista do Uber, recarregamos a bateria de carros elétricos e comemoramos o aniversário de Emma Morano, a pessoa mais velha do mundo: 117 anos, ontem, dia 29 de novembro de 2016.
Nunca dantes em minhas palestras recebi tantos abraços, apertos de mãos e elogios. Nunca dantes em minhas palestras, tantas pessoas vieram me contar sobre seus produtos e desafios: de um supervisor de almoxarifado industrial, passando por proprietários de fábricas de doces, presidentes de sindicatos, ao jovem Diogo Fernandes da startup Smarti9 (incrível!) até ao longevo empresário Heitor Luiz Villela, por quem caí de amores.
Conversei com todo mundo, e foi com Heitor, um jovem e intrépido empresário de 78 anos, que sobe as escadas de sua fábrica de 2 em 2 degraus (!), que a liga deu certo. Não aquela conexão que vai se desenvolvendo, aos poucos. Não foi linear, foi exponencial.
Para encurtar essa conversa. Saí do coquetel às 10 da noite. Às 10 da manhã do dia seguinte, eu já havia terminado de palestrar para sua equipe, dentro da fábrica e já estava a caminho do aeroporto. Foi uma experiência ímpar! Muito me espantou. Heitor sintetizou com algo assim: “Não me espanto. Eu gosto de gente. Gente que desassossega a gente.”
Realmente, ele se desassossegou.
Após a palestra, depois de me cravar com perguntas e elogios, e repetir que brevemente me traria de volta a Juiz de Fora, Heitor se despediu. Voltou em menos de 2 minutos, dizendo que já sabia o horário de meu voo e se eu topava palestrar para equipe dele logo cedinho. LÓ-GI-CO!
É isso, gente, infectei esse rebelde com o vírus da inovação. Missão cumprida. Não tenho vontade de morrer, não. Foi só uma força de expressão.
Inovar ou Morrer? Inovar, lógico!
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