Debate dos Repensadores sobre Fake News: Andrea, Ana Luisa, Eu, Otávio, Alê e Leo.
Como futurista estou sempre vivendo a experiência de ouvir que as novas tendências, comportamentos e as novas tecnologias são, na realidade, “as mesmas coisas do passado”, apenas com nomes mais exóticos. Assim, o conflito das novas gerações, sempre existiu. E esse papo de geração Y “é só marketing”. A Amazon é o velho armazém de sempre e nada mudou, nas palavras de Diogo Mainardi, no último Manhattan Connection.
Será então, que o Fake News é apenas o velho o boato com um nome mais bacana? Não, não. Tudo mudou. E mais: em velocidade exponencial. Não se engane.
Na semana passada, alguns de nós do Coletivo Repensadores se reuniu para debater este brutal assunto.
O que é e por que é tão fácil espalhar e tão difícil reverter a fake news foi o tema do debate.
Neste post, você poderá ouvir 1 minuto de cada um de nós. As dicas de Otávio Dias sobre exercitar os diversos pontos de vista e o perigo das emoções exacerbadas; Leo Brant alerta para os vieses das notícias, Ana Luísa Almeida sobre os impactos das fake news na política, nos comportamentos sociais e como a sociedade pode lidar com esses processos; Andrea Bisker fala das tais fontes “fidedignas”, que talvez não possamos mais confiar cegamente e Alexandre Sayad da alfabetização sobre a comunicação. Ah, eu falo da complexidade das fake news.
Repensadora Beia Carvalho, presidente e palestrante da 5 Years From Now® fala da força brutal das fake news e de como elas resistem ao tempo, mesmo quando desmascaradas.
Fake News é matéria capciosa. Num primeiro momento, quanto mais você se aprofunda, mais ignorante e impotente se sente. O que é, e por que é tão fácil espalhar e tão difícil reverter a fake news foi o tema do debate.
Nem toda fake news é falsa. Nem toda news é nova. Como por exemplo, a negação do Holocausto, ou Bolsonaro negando que o Brasil tenha uma dívida histórica com a população negra por causa da escravidão.
O que define a fake news é a sua intenção de enganar, de te manipular. A intenção de induzir ao erro.
A notícia falsa sobre a Vacina Tríplice causar Autismo é de 1998! Tem 20 anos! E apesar do médico ter sido desmascarado há mais de 10 anos, pelo The Sunday Times, e provado que ele manipulou dados para obter ganhos financeiros com a sua própria vacina, o estrago mundial está feito.
E este ano, 20 anos depois, sentimos o efeito forte desta fake news, no Brasil, com prorrogações constantes da vacinação de sarampo e poliomielite para poder atingir a meta.
Repensadora Ana Luisa Almeida, diretora do Reputation Institute, fala dos impactos nos comportamentos e na política nacional e mundial.
Por que é tão fácil espalhar e tão difícil reverter a fake news?
E aproveita que você está online e digite: dicas para identificar fake news. Com apenas algumas dicas, você já vai se sentir um cidadão de 1ª classe. Em um outro nível. Foi como me senti! Uma das dicas que eu desconhecia completamente era a tal busca por imagem reversa. Wow! Tão simples e tão eficiente! É importante saber se a imagem existe em outros lugares ou se foi roubada de alguém. Para usuários de Google Chrome, aperte com o botão direito do mouse em cima da imagem e escolha “Procurar imagem no Google”. Experimente, clique aqui e vá até a 8ª dica que explica como fazer essa busca no Google. Amei! A busca reversa de imagens é cool.
Repensador Ale Sayad, consultor de Educação e Fundador da ZeitGeist fala de Fake News dos anos 1930.
A boa e super fresca notícia, veio do Repensador e Educador Ale Sayad, que acaba de voltar de reunião na UNESCO. É levar a todos os estudantes do mundo a Alfabetização Midiática. Educação sobre o que é a Comunicação. Em inglês: Global Alliance for Partnerships on Media and Information Literacy.
Pesquisadores do MIT concluíram que as pessoas gostam de compartilhar novidades para mostrar que estão “por dentro”. E gostam de compartilhar as fake news, porque as notícias falsas causam mais surpresa e repulsa! Enquanto as verdadeiras causam mais ansiedade e tristeza. Quanto maior a surpresa com uma notícia, maior a vontade de compartilhá-la. Assista ao vídeo do Otávio Dias:
Otávio Dias, CEO da Repense Comunicação e Fundador da Rede Repensadores dá dicas sobre como identificar as Fake News.
Por que alguém compartilha aquele post que juntar tampinhas ajuda alguém a receber uma cadeira de rodas? É só dar um Google e você descobre que não há nenhuma verdade sobre essa e várias mensagens muito parecidas com essa. Mas desmentir alguns tipos de notícia é uma operação enxugar gelo. Veja mais neste link da BBC sobre a dificuldade de apresentar fatos que a seus olhos são contundentes contra notícias falsas. É quase que inacreditável como a credibilidade está a favor da fake news e contra você.
O documentarista Leo Brant diz que precisamos ter uma Educação Crítica para entender como se produz notícia no mundo.
Não vamos resolver esse problema com lógica. Einstein nos diz que a “Lógica nos leva do ponto A ao ponto B. A imaginação nos levará a todos os lugares”. Outra dica do Einstein para este problema é que “Não podemos resolver um problema com a mesma mentalidade que criou o problema”.
Exemplo: Outro dia, respondi a um professor muito ativo na internet que a notícia do post dele era fake news e que como professor não poderia ser um veículo da falsidade. Deveria estar do lado do combate, dos fatos, das provas. Ele nunca me respondeu, nem se retratou. Este é um outro ponto – a retratação -também é abordado em vários artigos sobre fake news. Mesmo a quando a pessoa reconhece que ajudou a viralizar uma fake news ela não se retrata. Mas não há do que se envergonhar. Num mundo conectado, todos iremos um dia ou outro (ou pior, em muitos) espalhar uma fake news. Ou, produzir o que alguns chamam de “erros honestos” e que nada tem a ver com fake news. De qualquer forma, nesta nova era de problemas complexos, é bom estarmos todos preparados.
Andrea Bisker, head da Stylus Brasil: o fenômeno Fake News sempre existiu?
O efeito avassalador da sofisticação e de tecnologias como a NLG (Natural Language Generation) – que tem incríveis aplicações para que humanos e robôs possam conversar de uma forma natural – também irá contribuir para que este super complexo problema continue a sua escalada mundial.
Pesquisadores da Universidade de Washington usaram Inteligência Artificial para modelar com precisão como o ex-Presidente Barack Obama move seus lábios enquanto fala, o que permite colocar qualquer discurso na boca de Obama.
Como a gente vai combater a fake news?
Não será unicamente através da conscientização, da educação. Sim, vamos acompanhar iniciativas como a da Itália, que está ensinando Leitura de Mídia. Não basta. É muito lento. Discutir este assunto, ampliar nossos horizontes, pesquisar, cutucar, trabalhar e desenvolver nosso espírito crítico, valorizar a crítica nos mais diversos ambientes, para chegarmos pelo menos a um contraponto que não se restrinja ao combate um a um. Porque atacar um problema desta complexidade no tête-à-tête é operação de enxugar gelo. Inócua.
Há algum exemplo de fake news que possa trazer benefícios? No Podcast Figments of the Brain, eles citam esse curioso fato. Foi espalhado, na Índia, que haveria um Festival de Estupro. A notícia correu e angariou muito dinheiro para prevenir e apoiar as mulheres em situação de risco.
E será que é justamente porque temos liberdade de imprensa, que temos a liberdade de ter fake news? Mas as fake news também não florescem em ambientes com controle absoluto do governo sobre as comunicações?
Acompanhe todos os vídeos dos Repensadores e venha enriquecer essa discussão da maior importância para o Brasil de hoje e do futuro.
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FAKE NEWS: #complicado #complexo #intrincado #obscuro #grave #inconveniente #problemático #arriscado #perigoso #terrível
Clique nas Notas:
Repensadores que participaram deste debate: Otávio Dias, CEO Repense Comunicação e Mentor e fundador da Rede de Repensadores. Leo Brant, documentarista. Ana Luísa Almeida, diretora do Reputation Institute. Andrea Bisker, head Stylus Brasil. Alexandre Sayad, consultor de Educação, presidente e fundador da ZeitGeist, Education, Culture and Media. Beia Carvalho, palestrante futurista e presidente do Think Tank 5 Years From Now®, comemorando 10 anos no mercado.
Guerra dos Mundos: Na noite de 30/10/1938, o jovem radialista Orson Welles transmitiu pela CBS uma Rádio-Dramatização uma adaptação da obra Guerra dos Mundos, de H.G.Wells.
F for Fake, de Orson Welles: O filme está na íntegra no YouTube:
Fake News Parte 1: Roundtable Discussion – Figments of the Brain é um podcast de filosofia produzido pela CONCEPT, the Cologne Center for Contemporary Epistemology and the Kantian Tradition, na Universidade de Colônia, Alemanha.
Documentário Fake News: em busca da verdade por trás das mentiras Doc de André Fran.
Senso crítico é arma para combater ‘fake news.
‘Fake news’ têm 70% mais chance de viralizar que as notícias verdadeiras, segundo novo estudo.
Para mandar no grupo da família: um guia de como checar se uma notícia é falsa.
‘Perigo de notícias falsas e mentiras é maior hoje do que jamais foi’, diz historiador britânico.
3 casos de fake news que geraram guerras ao redor do mundo.
Por que nem sempre adianta apresentar fatos contra notícias falsas
Pornô de vingança com ‘deepfakes’
WhatsApp limita mensagens na Índia após notícias falsas levarem a linchamentos.
SXSW 2018: Facebook, Jornalismo e as fake news.
Fake News: Dilemas Algorítmicos, Pós-Verdade e o Futuro do Jornalismo no SXSW 2017.
10 Dicas para Identificar Fake News.
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