O que já sabemos sobre as Novas Gerações? O que sabemos sobre a Geração Z, crianças e jovens entre 5 e 17 anos? O fato é que mal entendemos a Y e a Z já chega estressando os Ipisilons, os poderes políticos, econômicos e culturais desta nova era.
O interesse pelo estudo das gerações aumentou exponencialmente na última década. Aliás, tão exponencial como todas as mudanças ocorridas desde o início deste novo século. Ou como eu gosto de promover, uma Nova Era.
Na Velha Era as mudanças eram lineares – aquelas que a gente tem um tempão pra ir se acostumando. Mudanças que não doem tanto. Hoje, elas são exponenciais, epidêmicas.
As mudanças exponenciais surgem, irrompem, se materializam em nossa frente e invadem as nossas vidas. Não pedem licença. Não têm paciência, nem ouvidos abertos para ouvir nossos lengalengas, nem mimimis. Mudanças exponenciais são como os aplicativos de táxi, que transportaram os taxistas do século XX para o século XXI, da noite para o dia. Assim, como um passe de mágica.
Os aplicativos de táxi e o Waze forçaram taxistas de todas as idades a trocar seus dinossáuricos celulares por smartphones de qualidade, porque eles só funcionam em aparelhos sofisticados e potentes. Também, de um minuto para outro, “ensinaram” esses profissionais – tidos pela sociedade brasileira como um grupo extremamente conservador -, a utilizar, manusear e acessar esses gadgets tecnológicos, mesmo em movimento! É que quando a gente adentra uma Nova Era, um novo mundo se descortina. E nunca os taxistas trocaram tantas ideias com seus filhos, sobrinhos ou netos para serem “iniciados” nesta era digital.
As mudanças exponenciais são dilacerantes, nos torturam, nos indignam, nos contundem e fazem sofrer. Elas nos dão uma rasteira no meio do dia, um caldo bem prolongado que faz faltar o ar. São como um tsunami que nos corta a energia para vir à tona e lutar. Seu impacto é um tumulto em nossa existência como seres humanos, como pais e educadores. Enfim, como seres produtivos diante dos desmoronamentos de tantos conceitos e fórmulas que sempre funcionaram. Quer um exemplo? Que poder tem o Sindicato dos Taxistas diante dos aplicativos hoje responsáveis por aumentos de até 5 vezes nos ganhos mensais da categoria?
E nenhum destes taxistas jamais viu, conversou e muitos nem sabem o nome destes “mágicos”, que aumentaram suas rendas exponencialmente. Do dia para a noite. Ah, e sem mexer em um centavo sequer na linearidade do aumento da bandeira ou 1 ou 2.
São também essas inovações disruptivas que nos fazem crer que tudo pode ser possível, porque dia após dia presenciamos o quase impossível. Bem ali, na frente de nossos olhos. Ninguém nos contou. A gente mesmo é prova viva que o WAZE existe!
E para ser um adulto minimamente são, num mundo que evolui por saltos, surgiu uma nova geração. Z. Novas gerações surgem para decifrar os novos mundos. Porque a gente não iria dar conta disso tudo, não é? Pelo menos não sem essas novas e ágeis mãozinhas, que parecem ter muito mais que 10 dedos.
Uma geração não surge do nada, não acontece sem propósito. E não vem para atrapalhar a vida de ninguém e de nenhuma empresa, como tanta gente culta e estudada adora bradar, a torto e a direito. Uma nova geração é a renovação de nossos genes, é a transmissão de conhecimentos, percepções, intuições de toda a raça humana.
Se você tem acima de 35 anos, foi testemunha desta perturbadora renovação, primeiramente com o surgimento da Geração Y, antecessora da Z. Os ipisilons tem hoje entre 18 e 34 anos, e são responsáveis por quase 50% da mão de obra economicamente ativa, no Brasil. Contra eles foram despertados e revelados os mais secretos e absurdos preconceitos contra uma geração!
Comecei a pesquisar os Ipisolons 5 anos atrás, em 2009, quando os mais velhos desta geração tinham 29 anos. Tarde demais para desfazer os enraizados, irracionais, bizarros e muitas vezes risíveis prejulgamentos contra toda uma geração. Discriminação essa, que só trouxe e continua trazendo prejuízos e baixa produtividade às empresas, bancos escolares e lares da nossa sociedade.
Tento reparar o lapso, começando a cavar dados sobre a Z, a tempo de abrir os meus e os nossos horizontes. Antes que o desperdício de energias contra os Zês, se repita.
Essa é a geração que mais conviveu com fatos e imagens terroristas; com dados, consequências e insolubilidades de infindáveis crises econômicas e com a banalidade da violência. Nasceram e cresceram num mundo envolto em recessão, terrorismo, violência, volatilidade e complexidade.
Por isso, apesar de receberem generosas mesadas semanais, como seus irmãos mais velhos da geração Y, são econômicos, verdadeiros “homens de negócios”, a tal ponto de emprestarem dinheiro a seus pais e aos perdulários Ipisilons. Numa pequena pesquisa que realizei recentemente, através das redes sociais, sobre um recente achado de uma pesquisa americana, pude comprovar que a classe média brasileira rivaliza a americana no que concerne ao valor das mesadas à geração Z. Os dados americanos da Mintel 2013 “Activities of kids and teens” apontam uma mesada média de R$ 40,00 por semana. Meus resultados apontam média de R$ 45,00.
Esta generosa semanada se traduz em generosos $44 bilhões de dólares por ano para a economia americana. O que significa que esta será, com certeza, uma geração muito mais estudada e pesquisada que a anterior.
Também estarei antenada aos novos estudos destas crianças e jovens que já são responsáveis por 84% da escolha de brinquedos, 73% dos cardápios do jantar, 65% das férias familiares e 70% das opções de entretenimento.
Muito das marcas que as novas gerações vão deixar no mundo, tem a ver como as gerações mais velhas interagem com as mais novas. Extremismo não parece ser o caminho. As novas gerações não são nem o centro do universo como seus pais os criaram – trocando o bifinho por um danoninho -, nem a escrotidão da humanidade. São uma geração não-linear, nativa digital e globalizada. E temos que nos esforçar e entender o que isso significa: como isso alavanca a humanidade, e como nos ajuda a sermos melhores num mundo que parou de andar para saltar.
A Geração Z diz que vai inventar uma coisa que vai mudar o mundo. Vamos ajudá-los? Queremos uma geração bombando suas incríveis potencialidades ou entediada com avalanches de reprovação?
Se você faz parte das gerações tradicionalistas, baby boomer, ou da X, há 99,99% de chances que esteja lendo esse artigo em uma tela. Lembra quando você achou que isso não ia pegar, ou que era coisa de moleque?
Nota:
Idade das Gerações hoje em 2016.
Geração tradicionalista (acima de 70 anos), baby-boomer (51 a 69 anos), X (36 a 50), Y (35 a 19), Z (6 a 18) e A (até 5 anos).
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