Escolha uma Página

Na próxima encarnação quero ser …

Quando me perguntam o que quero ser na próxima encarnação, digo que queria ser um palestrante homem. Na brincadeira, vai a crítica. O homem sobe ao palco, em geral, vestido com uma roupa nada especial, sem preocupações com joias, bijuterias, maquiagem, corte, cor ou arrumação do cabelo.

A conversa que aconteceu nesta semana, na sala da “Arqueóloga do Futuro”, discutiu as desigualdades e insanidades que estão por trás dessa anedota.

Criei essa sala no Clubhouse junto com uma estupenda Equipe de Pesquisadores para destrincharmos o tema da desigualdade salarial de gênero de um ponto de vista muito diferente!

Estávamos no ano de 2040, olhando para uma Folha de Pagamento de 2021, encontrada pela arqueóloga do futuro Beia Carvalho e ficamos pasmos com os costumes e os preconceitos que encontramos.

Comigo estavam Adri Coelho, Andrea MendesAntonio Isuperio, Alessandro SaadeBartira PontesElisa TawilFernanda Nascimento, Valeria Midena e Vanessa Almada.

Por que as mulheres que faziam o mesmo trabalho que os homens recebiam até 50% menos? E olha, que os nossos pesquisadores descobriram que 30% dessas mulheres tinham nível educacional maior que os homens!

O império da desigualdade

O que teria levado as mulheres de 20 anos atrás a aceitarem tão pacificamente aquela mega desigualdade? A jornalista Adri Coelho fez um relato muito sensível e tocante desta discussão, em 24 de fevereiro. Uma noite que ficará marcada na minha vida pessoal e profissional.

No texto, a Adri registra as frases que a marcaram e nos pergunta com qual delas nos identificamos.

O que me marcou?

Antes, de dizer o que me marcou, tenho que agradecer a Adri, por reunir quase 2 horas de uma conversa aberta, energética, vibrante! E que nos trouxe tantos conhecimentos e dados para refletirmos. Foi um prazer inenarrável ouvir tanta gente preparada e afinada com o tema da desigualdade! Abaixo, as frases que marcaram a Adri Coelho, para refletirmos no presente:

4 frases ditas em 2040

1. “Representatividade é bem diferente de liderança.”

2. “É preciso se perguntar: quem eu posso apoiar com a minha voz?”

3. “Lute pela valorização da autenticidade feminina no trabalho”.

4. “Se somos nós quem dizemos o que é ser feminino, vamos, então, reescrever a feminilidade.”

Fui dormir naquela noite com a frase 1 e me rondando. E uma terceira, dita pela própria Adri: “um patinete ou um barbeador cor de rosa custam mais que um barbeador ou um patinete comum. E isso, no mesmo mundo que as mulheres ganham até 50% menos que os homens”. Que crueldade!

“Representatividade é bem diferente de liderança”.

Pra mim, a luz que essa frase acendeu foi que não podemos nos acomodar. Não podemos estar representadas apenas em percentuais do mercado. E, sim, passarmos para a conquista da liderança. E tomarmos cuidado para não nos enganar com os dois conceitos. Essa foi uma das contribuições da pesquisadora Valeria Midena.

“O feminino tem que ser reescrito por nós.”

E a frase que mais me pegou: “o feminino tem que ser reescrito por nós”. Contribuição da incrível Janaína Corrêa. Forte, não? O feminino não pode ser aquele ideal de beleza cruel e inalcançável criado pela sociedade que nos oprime.

É um ideal de beleza que nos mantém super ocupadas com inúmeros detalhes de maquiagem, guarda-roupa, cuidados com a pele, pelos e corpo. Quando terminamos as tarefas de nos “embelezar”, têm mais a nossa espera: filhos, casa, pais etc. Enquanto isso, a sociedade patriarcal galga posições no mercado. Quadro esse que ficou muito claro com a destruição de carreiras das mulheres na pandemia. Mas esse é um assunto tão importante que temos que tratar dele em outra sala.

Fui ao dicionário procurar o significado de Feminino. Olha só:

Ter qualidades ou aparência tradicionalmente associadas com mulheres. Por exemplo, “uma blusa de babados feminina”. E olha os sinônimos: tipo senhora, modesta (!), macia, delicada, tenra, gentil, graciosa, refinada, de menina, fêmea, feminil.

Todas as culturas cultuam um ideal feminino? Sim. Somos movidas a um ideal? Sim.

Definição da Wikipédia sobre o Ideal Feminino.

O ideal feminino de beleza é “a noção socialmente construída que a atratividade física é um dos mais importantes patrimônios da mulher! E mais: essa atratividade física é algo que todas as mulheres deveriam se esforçar para atingir e manter”.

Há 3 pontos interessantes e comuns.

O primeiro é que não importa o país, a cultura, a ancestralidade, cada lugar tem um ideal feminino, que foi traçado pelo poder masculino, numa sociedade heteronormativa. O que é isso? É uma sociedade que só aceita como normal relacionamentos entre pessoas de sexos opostos. Portanto, uma sociedade homofóbica.

O ideal de beleza nunca é favorável à mulher

O segundo ponto, é que não importa o país, a cultura, a ancestralidade estes ideais nunca são favoráveis às mulheres.

O último, muito interessante e facilmente observável, é que o ideal feminino de beleza influencia fortemente todas as mulheres, não importando suas orientações sexuais. Constatamos isso com as participações na sala de mulheres trans. E pudemos nos emocionar com suas angústias também.

E o corpo e a mente padecem.

Apesar de variar de cultura para cultura, o ideal feminino de beleza tem a ver com um determinado tipo de corpo. E a pressão para se encaixar nessa “figura feminina idealizada” leva a nefastos e duradouros efeitos psicológicos. Depressão, transtornos alimentares e baixa autoestima, começam na adolescência e continuam por toda a vida adulta da mulher.

O ideal de Beleza, a Arqueóloga do Futuro

O ideal de Beleza, a Arqueóloga do Futuro

Obrigada a todas as pessoas maravilhosas que participaram da 1ª sala da “Arqueóloga do Futuro”.

Vamos ter uma nova edição na próxima semana. A Equipe de Pesquisadores vai analisar o racismo. Esperamos todos vocês que estão vivendo em 2040. E que estão empenhados em ensinar e aprender sobre os preconceitos que guiaram a sociedade e as empresas, em 2021.

VEM!

OBS: Adri Coelho está no Instagram como @vivacoroa – Beia Carvalho está no Clubhouse como @beia

× Como posso te ajudar?