Isso foi há quase 30 anos e quanto mais o tempo passa, parece que menos pessoas sabem o que isso significa.
Tenho uma explicação que me parece muito simples: bric-à-brac é o cotidiano antigo. Estamos falando de artigos como latas de bolacha, litros de leite, bijuterias de época, cinzeiros de hotéis, bonecas, brinquedos, roupas, canetas, miniaturas, displays de propaganda, canecas comemorativas, chapéus, vidros de perfumes, caixinhas, canivetes. Coisas do dia a dia das famílias de uma determinada época. Objetos que, por seu design marcadamente referente a um tempo específico, nos fazem “viajar” rapidamente no tempo, suspirar e “festejar: “Ah, na casa da minha avó tinha um igualzinho a esse”. Um suspiro de saudades. Num átimo, uma viagem a cheiros, imagens e às emoções do passado.
Bric-à-brac é diferente de antiguidade. Os objetos antigos que encontramos à venda em antiquários eram, a seu tempo, refinados e caros. Hoje, são mais caros ainda, porque com a passagem do tempo se tornaram mais raros, principalmente se bem conservados, intactos. Assim, uma jóia de mais de 100 anos, em perfeito estado, vale muitas vezes mais por seu estilo e design, que por seu material, digamos ouro e diamantes. O mesmo vale para uma mobília, um espelho, um tapete do início do século passado. Um vaso assinado Lalique.
Contrariamente, o bric-à-brac, não tinha nenhum valor extra a seu tempo. Ganhou seu valor por ter se conservado através dos tempos. Mesmo sendo, na maioria dos casos, objetos feitos de materiais não nobres ou de baixa qualidade. Mas estes pequenos artigos recolhidos do cotidiano guardam um apelo sentimental, decorativo, acima de seu valor intrínseco. A antiguidade de hoje já era cara a seu tempo. O bric era corriqueiro e banal.
Nem por isso, o bric-à-brac é menos estudado e indexado que as antiguidades. Catálogos das mais famosas casas de leilões do mundo como a Sotheby’s e a Christie’s com lotes de roupas vintage e brinquedos antigos convivem com os catálogos específicos do mundo dobric-a-brac com sua memorabilia, objetos retro, kitsch, camp, collectables e roupas vintage.
Ah que saudades do tempo que não vivemos!
Consultei a Wikipédia para registrar aqui algumas rápidas definições de outras palavras cujos conceitos frequentemente não tem fronteiras definidas em nossas mentes. Vale a pena pesquisar mais, pois as opiniões e definições variam muito.
Memorabilia são objetos colecionados por seu interesse histórico, especialmente aqueles ligados a pessoas ou eventos memoráveis como as bandejas, pratos e canecas em homenagem ao casamento de Lady Di.
Retro do latim “em tempos passados”. É um recordar, uma nostalgia de formas “modernas” que não são mais atuais. Design, anteriormente ultrapassado que volta à moda. Entendido também como os anos dourados de 1950. Retro art (pop art 1940-50), retro gaming (Atari), retro fashion (adidas originals, lenços chiffon), retro cars, retro music, retro erotic.
Kitsch: gosto da definição que a arte kitsch está intimamente associada à arte sentimental. E os anões de jardim, Amelie Poulain, as flores de plástico e anjos barrocos de gesso, me vem à cabeça, imediatamente!
Vintage são roupas novas ou usadas datadas de 1920 a 1980. Um elegante eufemismo para roupa velha. Retro, ou “estilo vintage” são roupas que imitam estilos de outra era. A peça vintage que conserva sua etiqueta original tem mais valor que a usada. Interessante: http://www.vintageous.com/links.htm
O vaso Bacchantes da foto foi desenhado por Rene Lalique em 22 de julho de 1927 e é produzido até hoje pela Lalique.
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